Esta semana tenho estado no serviço de urgências, que se por um lado é muito menos do que aquilo que se imagina, por outro tem muito que se lhe diga...
Enquanto que segunda e terça nada fiz, pois ou não havia doentes ou ficava simplesmente a ver e segurar paredes (só me faltou o fantástico suporte/adesivo maqueiro...), já hoje atendi 4 doentes, cada uma com a sua queixa.
Recebi uma senhora japonesa grávida, acompanhada pelo marido, que se queixava de dores intensas na cabeça, fotofobia, vómitos e dores pélvicas. Também gemia descontroladamente e não respondia às questões da interna, o que só dificultava as coisas. O exame objectivo foi para esquecer, rápido e mal executado. Acabámos por mandá-la fazer análises ao sangue e foi encaminhada para a gastroentrologia. Sugeri uma meningite mas se calhar foi grande disparate... tenho que ir rever os meus conceitos médicos.
Depois disso chegou uma rapariga da Arménia, da minha idade, que mal falava francês - sim, ainda era pior do que eu. Fiz-lhe o toque vaginal e a ecografia endovaginal, onde se verificou que o saco gestacional estava vazio, ou seja, tinha feito um aborto espontâneo... Foi dificil de explicar e não sei onde fui buscar vocabulário para a consolar e à amiga que a acompanhava mas lá tive que o fazer...
Finalmente entrou uma senhora de 47 anos de origem africana, com as suas vestes exuberantes, que se queixava de metrorragias. Fiz-lhe o interrogatório necessário, o toque vaginal e a ecografia endovaginal. Pelo meio ficámos a saber que não era seguida por nenhum ginecologista, apenas por um médico da comunidade, e que nunca tinha ouvido falar no termo fibroma nem no que isso implicava... detectámos-lhe dois.
Para uma semana que se esperava, por experiências de colegas anteriores, decepcionante, calma e aborrecida, chego a meio já com muitas histórias para contar. Cada pessoa que nos chega todos os dias faz-nos pensar como, afinal de tudo, os nossos próprios problemas são pequenos...
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