quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Medicina Interna no Centro Hospitalar Paul Brousse

Pois é, parece que já não escrevo há alguns dias... perdoem os fiéis leitores mas entre muitas horas de sono, estudo e outras, não tenho tido, mesmo, vontade para escrever.
Desde o dia 2 que estou oficialmente na Porta 54 - Blaise Pascal - do C.H.Paul Brousse, em Villejuif, ali para os cantos da já não Paris. Diria mesmo que Villejuif é mais suburbios que Clamart, um verdadeiro Cacém ainda com pior aspecto e mais mal cheiroso.. A verdade é que só me apresentei ao serviço na quarta feira dia 8, o que significa que fez hoje uma semana de um novo estágio que até agora tem sido positivo... ora vamos por pontos!
- O Hospital é muito mais próximo que o anterior, o que significa que em +/- meia hora estou lá.
- Só precisamos de começar a trabalhar pelas 9:15 - 9:30, e não há reuniões do staff!!! =D
- Saio pelas 13h mas o tempo parece fluir muito mais rapidamente do que nos eternamente infernais corredores da GHR.
- O meu chefe, o prof.Boissonas, parece o prof. Pardal. Sim, esse dos quadradinhos do Donald e do Patinhas.

Estou responsável por 3 quartos, cada um com 2 camas que estão normalmente ocupadas a 2/3, dependedo dos dias e da gravidade dos doentes que vão chegando. As patologias são variadas e motivantes; neste momento temos...
- 1 Sindrome de Korsakoff (que se passeia pelos corredores) - perda da memória recente relacionada com o abuso de álcool, por diminuição dos indices de tiamina.
- Um Beatle - John Lennon ruivo - Bee Gee com Sindrome de Abstinência do álcool mais uma bronquite crónica do tabaco.
- um anorético de 35Kg com depressão associada mas muito, muito simpático
- uma tuga - francesa (que ja cá está há tantos anos que ja não fala correctamente nenhuma das coisas) que ninguem dá com o que ela tem - Ai eu? A moi não... O que vamos faire hoje? Ai eu durmo como as marés, très bem... E se eu a percebesse melhor ainda jurava que solta uns "caragos" pelo meio.
- Um senhor carequita com um tumor cerebral em desenvolvimento e com paralesia parcial dos membros esquerdos
- Uns quantos casos de embolia pulmonar e outros que se fingem ser de embolia pulmonar mas que na verdade não são (e que a gente também não sabe o que é)
- entre outros...

Embora motivante, sinto o peso da pouca (e má) preparação prática que tenho tido até agora, principalmente quando vejo os dossiers correcta e completamente preenchidos pelos meus colegas. A verdade é que não sei fazer um interrogatorio completo e muito menos um exame clinico... E então quando se fala em fazer hipoteses de diagnóstico?? Que susto... não sei hipoteses, não sei examinar um ECG, não sei propor exames.... E, no meio disto tudo, acho que o que me assusta mais é pensar que pelas horas perdidas de estudo já tinha obrigação de saber mais de metade do essencial! It just makes me wonder.... where is the vocation?....

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